Está um dia de Primavera horrível, e a maldita chuva obriga-me a ficar em casa. Nestes dias fico agarrada ao computador, ou a ver televisão, e quando vou á janela ver a chuva passam-me coisas na cabeça. Não coisas más, necessidades acho eu. Penso muito, de mais até. Penso no dia em que seja amada de verdade, e encontre o meu príncipe. Estar apaixonada é bom, é lindo, quando esse amor é correspondido. Andamos feitas parvas na lua, sempre distraídas, sempre a ver as fotos do nosso “príncipe”, ansiosas por uma mensagem dele, que teima em não chegar, temos ciúmes de qualquer miúda que fale com ele. E aí, a historia realmente começa, ele e ela. Ele até a acha engraçada, julga que está apaixonado por ela, e vão falando todos os dias! Tornam-se mais próximos que nunca, e o primeiro beijo é mágico.
Ela diz: nunca me deixes, por favor!
Ele diz: sabes que não!
(…)
E vão continuando a falar e a encontrar-se. Estava a ficar mais intenso. Mas ele dizia “para já, não quero nada sério”, vezes sem fim, e ela começava a pensar que nunca ia passar de um divertimento para ele. Ela ia-lhe falando desse assunto, mas ele desviava sempre, dizia: “estamos bem assim, porquê mudar? Porquê tornar as coisas complicadas? Relações sérias não duram muito, e eu quero que isto dure.”
(…)
Já tinha passado tempo suficiente para terem algo mais. Ele recusava.
(…)
Até que um dia, ela esperava uma mensagem dele, e quando ouviu o som do seu telemóvel, correu para ele como se não houvesse amanha. Lê:
Olá.
Desculpa não ter dito nada estes dias mas precisava de tempo para pensar em mim, e em ti, e sobretudo em nós.
Julgava que gostava de ti, que estava apaixonado por ti, mas enganei-me. Tinha apenas uma ilusão á tua volta, não é amor.
A culpa não é tua, é toda minha aliás.
Fui eu que me deixei envolver, fui eu que achei que estava apaixonado por ti, fui eu que te dei esperanças, e fui eu que te abandonei.
Tu não mereces um tipo como eu, mereces melhor. Eu não sei amar, acho que nunca soube. Não te quero pressionar, sei que isto vai passar e vais aceitar bem, porque tu és assim, eu sei que me vais perdoar e que vamos até ser bons amigos outra vez.
Fica bem.
Ela lê e chora. Passada uma semana daquela maldita mensagem ela escreve-lhe aquilo que sente e que lhe vai na alma:
Não sou burra nenhuma, só quando quero.
Já fizeste de mim burra porque eu deixei, mas já chega de brincadeira.
Não, não te vou perdoar, a menina boazinha que fecha os olhos a tudo, que perdoa tudo, que deixa que a calquem só para ver os outros felizes, morreu.
Isto agora sou eu, apenas um corpo sem utilidade, uma alma preenchida de vazio, revoltada com a vida, incapaz de amar novamente, com medo de se deixar envolver outra vez.
Porquê? Não há porquês, só existe atribuição de culpa. Parabéns! É toda tua.
És um monstro sem coração e incapaz de amar.
Nunca há um adeus, mas como tu dizes és sempre a excepção, e como tal, adeus.
Até nunca.
Ela vive o resto da sua vida com medo de se apaixonar e de se envolver, e ele, esse continua a dizer-se “apaixonado” por todas as raparigas, e no final, faz sempre o mesmo.
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